Material de estudos I A EPT e os recursos educacionais

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Curso: MestradoEPT (eletiva 2) - Produção de Recursos Educacionais
Livro: Material de estudos I A EPT e os recursos educacionais
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Data: Saturday, 18 de May de 2024, 11:01

1. Antes de começar...

Ventura (2017) salienta que não podemos nos queixar de falta de informação. Qualquer assunto que se queira conhecer está a um clique (e um acesso de internet) de distância: "Encontramos de tudo, relatos, livros, videos, comentários e muito mais sobre o assunto pesquisado" (VENTURA, 2017). Mas, afinal, o que fazemos com tudo isso que temos à disposição? 

Pare um pouco agora e imagine a seguinte situação:

Imagine...

Você está em uma grande piscina e decide que quer chegar a outra ponta. Enche os pulmões de ar e esforça-se para alcançar a outra parte. No meio da piscina, nota que está ficando cansado e decide parar para descansar. Ao ficar parado em meio a tanta água, você tem algumas opções: (1) sair da piscina e desistir de onde parou; (2) voltar para descansar onde der pé; ou (3) seguir em frente utilizando o que você sabe a respeito e aplicando o esforço necessário para ver onde você pode chegar. O que você faz?

Ventura (2017) compara esta situação com o que as pessoas passam quando encaram o "mar de conhecimento" que temos hoje a nossa disposição por meio das tecnologias e da internet. Para o autor, as pessoas, de modo geral, desistem de "chegar ao final da piscina" e simplesmente saem da água por não se esforçarem mais em entender o que poderiam fazer. Isso, muitas vezes, acontece quando enfrentamos um desafio que pensamos não conseguir superar ou que poderemos resolver em outra ocasião. Essa decisão, do que fazer, nos mantêm, muitas vezes, presos no mesmo local. Aquele que sempre volta para descansar nunca tem conhecimento maior do que o já obtido por repetidas vezes. Ao descansar, cai na própria armadilha do tempo e do conhecimento.

 

E agora?

Você já esteve em alguma situação frente a uma nova tecnologia que desconhecia e optou por "sair da piscina" ou então "voltou para descansar onde dava pé" (ou seja, optou em utilizar uma outra opção já mais familiar) ou seguiu em frente e encarou o desafio? Neste curso, nosso olhar está direcionado para a Educação Profissional, ou seja, o foco é na formação de pessoas para o trabalho. Considerando esse contexto, compartilhe com a gente se já passou por alguma situação deste tipo no seu contexto profissional. Qual foi sua opção? 

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Mas o que fazer, então? É fato que estamos sempre com a necessidade de aprimorar nossos conhecimentos. Pesquisar materiais na internet, buscar novas maneiras de aprender e novas metodologias podem nos auxiliar na chegada a outra “parte dessa grande piscina”. Se achar que o “mar de conhecimento” a ser atravessado é muito grande, conquiste-o pouco a pouco. Lembre-se: o campeão conquista a piscina a cada braçada! Busque ferramentas que te auxiliem e não se deixe empacar ou desistir...  Ainda assim, nesse momento, você poderia perguntar: Certo, vou pesquisar, mas como, nesse mar de possibilidades, vou saber o que utilizar? Qual recurso escolher? 

Certamente são muitos os caminhos possíveis... Entretanto, diante de todas essas diversidades de possibilidades, acreditamos que uma das manerias é por meio da "experimentação". Experimentar, testar, prototipar... Não há como seguir em caminhos não trilhados, em mares não navegados, sem experimentar... E nesta unidade curricular, não estamos falando de uma piscina... Queremos ir em alto mar e experimentar todas as possibilidades que enxergarmos em nosso horizonte.

Vamos juntos? Sua participação será essencial para que a gente possa, juntos, nos aventurarmos neste mar de conhecimento.

 


Este texto foi construído com base em:  VENTURA, E. Aprender a aprender com a tecnologia. [2017]. Disponível em: <http://grupocimcorp.com/pt/2017/06/12/aprenda-a-aprender-com-a-tecnologia/>. Acesso em: 29 maio 2018.

1.1. O que eu preciso?

... Não ter medo de errar!  

Convidamos você a experimentar diferentes recursos educacionais ao longo desta unidade curricular. Mas antes disso, temos algo muito importante para combinar entre nós: para que o processo de experimentação aconteça de modo pleno, com criatividade e inovação, precisamos lembrar sempre que: para experimentar é preciso não ter medo de errar!

Para falarmos mais sobre esse assunto, recorremos ao texto de Alessandro Gruber (2017) que afirma o seguinte: 

Na maior parte do tempo estamos presos à ficção de que nossa vida pode ser uma experiência previsível e planejada. Mas, na prática a experiência é muito diferente, para não dizer completamente oposta. Por isso, acredito que uma das principais ações a se fazer é errar mais: não a fazer o que não é correto, mas a praticar a origem da palavra, que vem do latim errare e significa andar sem rumo, vagar. Nesse lugar, inovamos.

Gruber (2017) nos lembra que para aprender e se reinventar constantemente (aspectos que as tecnologias exigem de nós), a coragem de errar torna-se essencial. Nas palavras do autor:


Você precisa saber

Compreender a força do erro é uma questão de sobrevivência, basta lembrar em qual período da vida evoluímos e aprendemos numa velocidade absurdamente rápida: quando iniciamos nossa vida. Quando bebês, ainda não estamos presos a fictícia loucura do medo do erro. Vamos lá, experimentamos, cheiramos, colocamos a mão, testamos, descobrimos e erramos, erramos muito, erramos quase que a todo momento. Mas, não somos completamente loucos. Vamos aprendendo também alguns limites, para não colocar nossa vida em risco. E vamos evoluindo: testando rápido, errando rápido, aprendendo e inovando sempre."

Não seria incrível podermos viver essa experiência de grande evolução como adultos? Dentro das organizações? No dia a dia do nosso trabalho? Não seria possível, assim como foi possível a muitos de nossos pais, criar um espaço que permita a experiência e o erro com segurança para promover uma explosão de evolução? Ou ainda acreditamos que é relevante repetir o ambiente escolar tradicional, onde as pessoas são ensinadas a acertar e são penalizadas por errar. E o que é certo ou errado? Uma perspectiva única e limitada da realidade, que reduz a potência do humano a pouquíssimas possibilidades? Como líderes, educadores, pais, mais do que tudo, como pessoas interdependentes umas das outras, temos o papel imprescindível de contribuir para a liberação de potência humana das pessoas que convivem conosco. É uma questão de sobrevivência! Uma questão de evolução!

 Leia o artigo na íntegra: A força do erro, uma questão de sobrevivência

Gostou da ideia? Então, estamos prontos para iniciar...

2. Novos paradigmas na Educação!?

O rápido desenvolvimento das tecnologias, em especial das tecnologias de informação e comunicação provocaram, e continuam a provocar, a construção de novos paradigmas e muitas mudanças comportamentais, certo? Bom, diferentes autores, atualmente, destacam que o mesmo tem acontecido com os processos de ensino e aprendizagem.  Marcos Formiga (2009) descreve sobre este assunto no texto a seguir. Além dele, vários outros autores brasileiros reconhecidos na área, tais como Filatro (2004, 2008, 2009), Kenski (2007) e Behar (2009) corroboram com o mesmo pensamento. Vamos ao texto? Aliás, vale apena conferir os estudos desses autores (dá uma olhada lá nas referências onde você pode encontrá-los).


Você precisa saber

Compreenda melhor os novos paradigmas de aprendizagem promovido pelo desenvolvimento das TICs com o texto a seguir. 

 Artigo: Novos paradigmas da aprendizagem e o papel das TICs

Mas e na prática? Como isso se consolida? No vídeo abaixo, você encontra um exemplo de como estes novos paradigmas são capazes de transformar as instituições de ensino. Muitos dos conceitos que Formiga (2009) apresenta na sua tabela comparativa entre antigos e novos paradigmas aparecem concretizados na ação apresentada que relata uma experiência na cidade do Rio de Janeiro. 

 

E agora?

Ao assistir o vídeo é possível perceber a utilização de diferentes estratégias que relacionam-se com a integração das tecnologias no espaço escolar... Você, até hoje, já vivenciou algum cenário educacional parecido com esse? Compartilhe com a gente e comente sobre os desafios e as vantagens que você visualiza neste tipo de proposta...  

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3. Metodologias ativas

No caso do "Ginásio Experimental de novas Tecnologias Educacionais" (no vídeo anterior) é apresentado um novo modelo de escola que coloca o estudante no centro do processo de aprendizagem. Mas o que isso significa? 

Será isso?! Não... O que queremos destacar, nesse momento, em nosso estudos são as Metodologias Ativas... Já ouviu falar disso? 

O modelo mais conhecido e praticado nas instituições de ensino é aquele em que o aluno acompanha a matéria lecionada pelo professor por meio de aulas expositivas, com aplicação de avaliações e trabalhos, reconhece esse padrão? Pois esse método é conhecido como passivo, pois nele o docente é o protagonista da educação.  Já na metodologia ativa, o aluno é personagem principal e o maior responsável pelo processo de aprendizado. O que significa que o objetivo dessa abordagem é incentivar que os estudantes desenvolvam a capacidade de absorção de conteúdos de maneira autônoma e participativa (LYCEUM, 2017).  Resumindo:

O principal objetivo das metodologias ativas é incentivar os alunos para que aprendam de forma autônoma e participativa, a partir de problemas e situações reais. A proposta é que o estudante esteja no centro do processo de aprendizagem, participando ativamente e sendo responsável pela construção de conhecimento.

E o que justifica o destaque para esse tipo de metologia?

Vários estudos concluem que, entre os meios utilizados para adquirir conhecimento, há alguns cujo processo de assimilação ocorre mais facilmente. Desse modo, temos como referência uma teoria do psiquiatra americano William Glasser para explicar como as pessoas geralmente aprendem e qual a eficiência dos métodos nesse processo. De acordo com Glasser, o professor é um guia para o aluno e não um chefe e orienta que, no processo de ensino e aprendizagem, não se deve trabalhar apenas com memorização, porque a maioria dos alunos simplesmente esquecem os conceitos após a aula. Em vez disso, o psiquiatra sugere que os alunos aprendem efetivamente com você,  fazendo.

Glasser fez afirmações contundentes sobre o processo de aprendizado, a favor que de que o aluno aprenda fazendo. Este conceito foi melhor exemplificado numa ilustração conhecida como ‘a Pirâmide de William Glasser’, apresentada a seguir que nos permite concluir que, tendo como base os estudos deste pesquisador, os métodos mais eficientes quando se trata de aprendizagem está inseridos na metodologia ativa. 

Legenda:  A Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser 

Fonte: Explorador, 2017.

 

É muito provável que, pelo menos em suas formas mais simples, você deve conhecer algum tipo de "Metodologia Ativa". Já ouviu falar em ensino por meio de projetos ou por meio de soluções de problemas? Esses são exemplos típicos das metodologias ativas. Quer saber quais são as práticas ensino-aprendizagem mais comuns nas metodologias ativas de aprendizagem? Vamos conhecer mais sobre algumas delas. 

A aprendizagem baseada em projetos (ABP) – em inglês, project based learning (PBL) – tem por objetivo fazer com que os alunos adquiram conhecimento por meio da solução colaborativa de desafios. Sendo assim, o aluno precisa se esforçar para explorar as soluções possíveis dentro de um contexto específico ― seja utilizando a tecnologia ou os diversos recursos disponíveis, o que incentiva a capacidade de desenvolver um perfil investigativo e crítico perante alguma situação. Além disso, o professor não deve expor toda metodologia a ser trabalhada, a fim de que os alunos busquem os conhecimentos por si mesmos. Porém, é necessário que o educador dê um feedback nos projetos e mostre quais foram os erros e acertos.

O método da Aprendizagem Baseada em Problemas tem como propósito tornar o aluno capaz de construir o aprendizado conceitual, procedimental e atitudinal por meio de problemas propostos que o expõe a situações motivadoras e o prepara para o mundo do trabalho. Enquanto a aprendizagem baseada em projetos exige que os alunos coloquem a “mão na massa”, a aprendizagem baseada em problemas é focada na parte teórica da resolução de casos.

A prática pedagógica de Estudo de Casos tem origem no método de Aprendizagem Baseada em Problemas. O Estudo de Caso oferece aos estudantes a oportunidade de direcionar sua própria aprendizagem, enquanto exploram seus conhecimentos em situações relativamente complexas. São relatos de situações do mundo real, apresentadas aos estudantes com a finalidade de ensiná-los, preparando-os para a resolução de problemas reais.

A aprendizagem entre pares e times – em inglês, team based learning (TBL) –, como o próprio nome revela, se trata da formação de equipes dentro de determinada turma para que o aprendizado seja feito em conjunto e haja compartilhamento de ideias. Seja em um estudo de caso ou em um projeto, é possível que os alunos resolvam os desafios e trabalhem juntos, o que pode ser benéfico na busca pelo conhecimento. Afinal, com a ajuda mútua, se pode aprender e ensinar ao mesmo tempo, formando o pensamento crítico, que é construído por meio de discussões embasadas e levando em consideração opiniões divergentes.

 

E agora?

Percebeu como essas práticas não são tão novas assim? Teóricos como Dewey (1950), Freire (2009), Rogers (1973), Novack (1999), entre outros, enfatizam, há muito tempo, a importância de superar a educação bancária, tradicional e focar a aprendizagem no aluno, envolvendo-o, motivando-o e dialogando com ele (MORAN, 2015). E você, o que acha? Quais dessas metodologias ativas você já conhecia e já experimentou? Compartilhe conosco, independentemente se a sua experiência foi como estudante ou como professor.

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As metodologias ativas são, na visão de Moran (2015) pontos de partida para avançar para processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva, de generalização, de reelaboração de novas práticas. Encontramos em Paulo Freire (1996) uma defesa para as metodologias ativas, com sua afirmação de que na educação de adultos, o que impulsiona a aprendizagem é a superação de desafios, a resolução de problemas e a construção do conhecimento novo a partir de conhecimentos e experiências prévias dos indivíduos (BERBEL, 2011). Esse entendimento é especialmente pertinente quando se trata de Educação Profissional e Tecnológica (EPT). 

Podemos dizer que a EPT requer uma aprendizagem significativa, contextualizada [...] que  gere habilidades em resolver problemas e conduzir projetos nos diversos segmentos do setor produtivo. Complementando esses requisitos de aprendizagem, devemos acrescentar que, mesmo que o sistema educacional forme indivíduos tecnicamente muito bem preparados, é indispensável que eles sejam capazes de exercer valores e condições de formação humana, considerados essenciais no mundo do trabalho contemporâneo, tais como: conduta ética, capacidade de iniciativa, criatividade, flexibilidade, autocontrole, comunicação, dentre outros (BARBOSA; MOURA, p. 2013, p.52).

Nesse sentido, as metodologias ativas "têm um ideário favorável às necessidades da Educação Profissional e podem gerar práticas docentes inovadoras no contexto da formação profissional, superando limitações dos modelos tradicionais de ensino" (BARBOSA; MOURA, p. 2013, p.49), apresentando diferentes benefícios. 

Dentre as principais vantagens que as metodologias ativas podem proporcionar, a principal delas contempla "a transformação na forma de conceber o aprendizado, ao proporcionar que o aluno pense de maneira diferente (já ouviu falar em fora da caixa?) e resolver problemas conectando ideias que, em princípio, parecem desconectadas" (GAROFALO, 2018). Para os cenários da EPT pode possibilitar mais autonomia, confiança, senso crítico, empatia além de maior sentimento responsabilidade e necessidade de participação e colaboração - características essenciais para qualquer profissional dos de hoje, não é mesmo? 

Aprofunde seus conhecimentos

Acesse o artigo a seguir que incentiva a revisão de práticas tradicionais de ensino e discute possibilidades do uso destas metodologias na EPT. 

      

Ainda está pensando que essa é uma realidade distante? Sugiro a leitura da reportagem de Marcela Lorenzoni que questiona: Por que as metodologias ativas de aprendizagem não funcionam na América Latina? 

 Por que as metodologias ativas de aprendizagem não funcionam na América Latina?

4. O que é um recurso educacional?

 E qual a relação disso tudo com os recursos educacionais? 


Como vimos na seção anterior, as metodologias ativas são fundamentais na educação profissional que se caracteriza, principalmente, pelo trabalho como princípio formativo. Tais metodologias sugerem uma abordagem prioritariamente centrada nas demandas do trabalhador, no mundo trabalho e suas diversas áreas e possibilidades de atuação profissional. Neste contexto, é fundamental ao educador da EPT explorar recursos que se aproximem desses variados campos de trabalho e competências (habilidades, conhecimentos e atitudes) exigidas. Os recursos educacionais na EPT devem, portanto, permitir a esses sujeitos, a vivência em situações laborais, a simulação ambientes de trabalho, a interação virtual, a disponibilização de cartilhas/manuais técnicos, jogos para estímulos a criatividade e tomada de decisão, dentre diversas outras alternativas para a formação integral focada nas especificidades do mundo do trabalhador.

Mas o que é um recurso educacional?

Um recurso educacional pode ser definido como qualquer recurso capaz de ser utilizado como catalizador do processo de aprendizagem (SARTORI; ROESLER, 2005). Silva e Spanhol (2013, p. 04) conceituam o termo como todo recurso que, além do professor, pode ser utilizado no contexto de ensino-aprendizagem a fim de auxiliar a mediação pedagógica necessária ao processo de desenvolvimento de conhecimento. Para Brito e Belão (2012) e Fernandez (2009), podem ser definidos como recursos que utilizam uma mídia como suporte para a comunicação e têm o objetivo final de promover a aprendizagem em acordo com a configuração pedagógica da instituição que representam. Para Cerqueira e Ferreira (2005),  são todos os recursos utilizados com maior ou menor frequência em todas as disciplinas, áreas de estudo ou atividades, sejam quais forem os métodos empregados, visando a auxiliar o educando a realizar sua aprendizagem mais eficientemente, constituindo-se num meio para facilitar, incentivar ou possibilitar o processo de ensino-aprendizagem. Com base nessas definições, pode-se considerar então que, um recurso educacional é qualquer recurso desenvolvido com uma finalidade educativa e que, por isso, pode ser utilizado na mediação do processo de ensino e aprendizagem, podendo estar organizado e ser disponibilizado em uma ou mais mídias (impressa, eletrônica ou digital) [1].

Você vai iniciar, agora, um estudo voltado à produção de recursos educacionais. Neste momento, nosso foco centra-se nas características, na produção e na utilização deste tipo de material. E o mais importante: ao ler o conteúdo, tenha em mente que, independente da sua atuação profissional, um recurso educacional não é só um material que contempla um conteúdo a ser utilizado em sala de aula...Por isso, se for docente, gestor ou atuar em qualquer outro tipo de profissão, lembre-se: sempre pode existir um momento no qual será necessário um recurso que auxilie no contexto educacional, tanto na sala de aula ou em ambientes virtuais quanto na gestão escolar e outros espaços afins. Compreender as possibilidades existentes e como é possível produzi-lo com qualidade e coerência e de acordo com o contexto de uma situação é o que procuramos apresentar nesta UC.

E agora?

A produção de um recurso didático pode ser algo muito desafiador. Primeiro, porque geralmente trata-se de uma solução a ser desenvolvida para um problema concreto do professor ou do instrutor que deve dinamizar e facilitar o ensino e a aprendizagem de conteúdos e conceitos a serem transmitidos, construídos, refletidos, analisados, discutidos etc. Além de resolver este problema, nesta situação, o docente estará não em uma posição de mero consumidor, mas como um verdadeiro produtor de conhecimentos. Soma-se a isto o fato de que, de acordo com o seu público alvo, também esta pessoa deverá dominar linguagens e mídias que sejam coerentes com o contexto no qual está inserido. Situação que pode ser bem difícil de resolver. Você já esteve em uma situação assim? Compartilhe com a gente! Como resolveu? Produziu algum recurso didático? Qual?

 Clique aqui e dê sua opinião 
E como vamos fazer isso? Continue a leitura  

[1] Texto adaptado de: BLEICHER, S. Processos flexíveis para a produção de materiais didáticos para a educação a distância: recomendações pautadas na perspectiva interdisciplinar. 2015. 384 p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Florianópolis, 2015 Disponível em: <http://www.bu.ufsc.br/teses/PEGC0399-T.pdf>. Acesso em 02 jul. 2018.

5. Tipos de recursos educacionais [CAPES]

Você viu nos tópicos anteriores que o conceito de recursos educacionais é abrangente e contempla uma vasta gama de materiais. Mas quais são os tipos de recursos educacionais especificamente? Quais são os critérios de avaliação usados pelo MEC?

Para responder essas questões, utilizaremos como base, nesta seção, o documento de área de Ensino da Capes para os Mestrados Profissionais.  

O mestrado profissional destaca a produção técnica / tecnológica na área de Ensino entendida como produtos e processos educacionais que possam ser utilizados por professores e outros profissionais envolvidos com ensino em espaços formais e não-formais (BRASIL, 2018). 

Produtos Educacionais 

Segundo o documento de área de Ensino da Capes para os Mestrados Profissionais, são considerados produtos educacionais

1
Mídias educacionais

Vídeos, simulações, animações, videoaulas, experimentos virtuais, áudios, objetos de aprendizagem, aplicativos de modelagem, aplicativos de aquisição e análise de dados, ambientes de aprendizagem, páginas de internet e blogs, jogos educacionais etc.

2
Protótipos educacionais e materiais para atividades experimentais

3
Propostas de ensino

Sugestões de experimentos e outras atividades práticas, sequências didáticas, propostas de intervenção, roteiros de oficinas etc.

4
Material textual

Manuais, guias, texto de apoio, artigo em revistas técnicas ou de divulgação, livros didáticos e paradidáticos, histórias em quadrinhos e similares etc.

5
Materiais interativos

Jogos, kits e similares

6
Atividades de extensão

Exposições científicas, cursos, oficinas, ciclos de palestras, exposições, atividades de divulgação científica e outras.

E é nesse cenário que inserimos os produtos educacionais produzidos a partir de mestrados profissionais. Quer conhecer algumas possibilidades? Então assista o vídeo a seguir, feito pelo Prof. Alysson Artuso.


Você precisa saber

Exemplos de recursos educacionais

Aprofunde seus conhecimentos

Vamos nos aprofundar nesta temática dos recursos educacionais? Leia o artigo a seguir do Prof. Gabriel Kaplún que discute sobre a experiência do aprendizado promovido por meio de materiais educativos a partir de três eixos: conceitual, pedagógico e comunicacional. Vale à pena conferir! 

 Artigo: Material Educativo: a experiência de aprendizado.

6. Critérios de avaliação [MEC]

 

Observou que são muitos os tipos de produtos educacionais possíveis? Mas cuidado: para essa classificação foram elencados quatro parâmetros previstos para serem utilizados para a avaliação dos recursos/produtos educacionais conforme o documento da área de Ensino da Capes (BRASIL, 2018).

1
Validação obrigatória

Realizada por comitês ad hoc, órgão de fomento ou banca de dissertação.

2
Registro do produto

Vinculação a um sistema de informações em âmbito nacional ou internacional, como por exemplo, ISBN, ISSN, ANCINE, Registro de Domínio, Certificado de Registro Autoral, Registro ou Averbação na Biblioteca Nacional, além de registros de patentes e marcas submetidos ao INPI.

3
Utilização

Comprovação do nos sistema de educação, saúde, cultura ou CT&I, que expressa o demandante ou o público alvo dos produtos.

4
Acesso livre (online)

Em redes fechadas ou abertas, nacionais ou internacionais, especialmente em repositórios vinculados a Instituições Nacionais, Internacionais, Universidades, ou domínios do governo na esfera local, regional, ou federal. Exemplos de repositórios são: Portal do Professor, Banco Internacional de Objetos Educacionais, Vérsila Biblioteca Digital, Arca (Fiocruz), RIVED, LabVirt (USP), Multimeios, Escola Digital, Biblioteca Digital de Ciências (Unicamp), ChemCollective (USA), ITSON (Mexico), JORUM (UK), entre outros.

Esses quatro parâmetros norteiam a estratificação dos dos produtos educacionais dos Mestrados Profissionais da área de Ensino em cinco estratos (Edu 1 a Edu 5), com atribuição de 15 a 100 pontos por produto avaliado, segundo seu enquadramento e estratificação. Serão avaliados somente os produtos educacionais que possuam uma URL própria, de acordo com a política de visibilidade prevista para as dissertações, teses e produtos educacionais. Os produtos deverão ser registrados preferencialmente em formato digital (PDF ou outro) e estar com link disponível no sitio internet da instituição. A tabela a seguir sistematiza essas informações: 

Quadro 1 – Parâmetro e pontos para avaliação de produtos educacionais
 Parâmetros avaliados   NOTA para efeito de qualificação da produção educacional (Edu 1 a Edu 5)
  0 1 2 3 4
Validação Obrigatória
(sim ou não)
 Não    Sim, POR COMITÊS AD HOC Sim, POR ÓRGÃO DE FOMENTO Sim, POR BANCA DE DISSERTACAO
Registro
(sim ou não)
 Não     Sim
Utilização no sistema
(educação/ saúde/ cultura/ CT&I) (sim ou não)
 Não     Sim (local, municipal, estadual, nacional ou internacional)
Acesso livre (online)   Não  Redes Fechadas Portal nacional ou internacional, Youtube, Vimeo e outros com acesso público e gratuito Página do programa com acesso público e gratuito Repositório institucional - nacional ou internacional - com acesso público e gratuito

Fonte: Brasil (2018)

 

Aprofunde seus conhecimentos

Quer saber mais sobre a avaliação de Produtos Educacionaisem Mestrados Profissionais na Área de Ensino? O artigo da Profa. Priscila de Souza Chisté Leite do Instituto Federal do Espírito Santo apresenta uma proposta de avaliação coletiva de produtos educacionais neste contexto. Vale a pena conferir. Clique no link abaixo para acessá-lo.

 Artigo: Produtos Educacionais em Mestrados Profissionais na Área de Ensino: uma proposta de avaliação coletiva de materiais educativos

7. Conclusões

Ao longo deste estudo, destacamos os recursos educacionais. Ressaltamos que os produtos educacionais podem ser utilizados na educação profissional são muito diversos e estão em constante crescimento e expansão, logo estudar todos em um único espaço e momento seria uma tarefa sempre inacabada. Por isso, é possível que ainda fiquem dúvidas sobre como escolher entre tantas opções.

O importante é que você tenha claro as suas possibilidades e quais passos você deve seguir para desenvolver um produto educacional com êxito! Para concluir o estudo deste módulo, deixamos um passo a passo para que tenha claro qual  é o caminho a percorrer! Nos próximos módulos apresentaremos mais temáticas que vão ajudar você na sua trajetória!

 

8. Referências

BLEICHER, S. Processos flexíveis para a produção de materiais didáticos para a educação a distância: recomendações pautadas na perspectiva interdisciplinar. 2015. 384 p. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico, Programa de Pós-graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Florianópolis, 2015 Disponível em: <http://www.bu.ufsc.br/teses/PEGC0399-T.pdf>

BARBOSA, E.; MOURA, D. Metodologias ativas de aprendizagem na Educação Profissional e Tecnológica. Boletim Técnico Senac, Rio de Janeiro, v. 39, n.2, p.48-67, maio/ago. 2013. Disponível em: <http://www.bts.senac.br/index.php/bts/article/view/349/333>. Acesso em: 19 ago. 2018.

BATES, T. Educar na Era Digital: design, ensino e aprendizagem. São Paulo: Artesanato Educacional, 2016. 

BEHAR, P. A. Modelos Pedagógicos em Educação Distância. Porto Alegre: Artmed, 2009.

BERBEL, N. A. As Metodologias Ativas e a Promoção da Autonomia de Estudantes. N.Semina: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32, n. 1, p. 25-40, jan./jun. 2011. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/seminasoc/article/view/10326/10999>. Acesso em: 19 ago. 2018.

BRITO, G. S.; BELÃO, V. A utilização de material didático impresso na educação a distância do século XXI. In: BRITO, G. S. (Org.). Cadernos de educação a distância. Curitiba: UFPR, 2012.

CERQUEIRA, J. B.; FERREIRA, E. M. B. Recursos didáticos na educação especial. Rio de Janeiro: Instituto Benjamim Constant, 2005. Disponível em: < www.ibc.gov.br/?itemid=102>. Acesso em 02 mai. 2015.

DEWEY, J. Vida e Educação. São Paulo: Nacional. 1959a.

EXPLORADOR. William Glasser: psiquiatra americano, aplicou sua teoria da escolha para a educação. 2017. Disponível em:<http://www.oexplorador.com.br/william-glasser/>. Acesso em: 30 jul. 2018.

FERNANDEZ, C. T. Os métodos de preparação de material impresso para EAD. In: Litto, M.F; FORMIGA, M. Educação a Distância: estado da arte. volume 1. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.

FILATRO, A. As teorias pedagógicas fundamentais em EAD. In: LITTO, M.F.; FORMIGA, M. (Org.). Educação a Distância: estado da arte. v. 1. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p. 96-104.

FILATRO, A. Design Instrucional Contextualizado: Educação e Tecnologia. São Paulo: SENAC São Paulo, 2004.

FILATRO, A. Design Instrucional na prática. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2008.

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FORMIGA, M. A terminologia da EAD. In: LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos (Org.). Educação a distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. p. 39-46.

GAROFALO, D. Como as metodologias ativas favorecem o aprendizado. 2018. Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/11897/como-as-metodologias-ativas-favorecem-o-aprendizado. Acesso em: 15 ago. 2018.

GRUBER, A. A força do erro, uma questão de sobrevivência. 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/blog/gestao-fora-da-caixa/a-forca-do-erro-uma-questao-de-sobrevivencia/>. Acesso em: 29 maio 2018.

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LYCEUM (Org.). Entenda a Importância e o Papel das Metodologias Ativas de Aprendizagem. 2017. Disponível em: <https://blog.lyceum.com.br/metodologias-ativas-de-aprendizagem/> Acesso em: 23 jul. 2018

MORAN, J. Educação Híbrida: Um conceito-chave para a educação, hoje. In: BACICH, L.; TANZI NETO, A.; TREVISANI, F. M. (Org.). Ensino híbrido: personalização e tecnologia na educação. Porto Alegre: Penso, 2015. p. 28-53.

MORAN, J. Mudando a educação com metodologias ativas. In: SOUZA, C.; MORALES, O. (orgs.).Coleção Mídias Contemporâneas. Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens. Vol. II. Ponta Grossa: Foca Foto-PROEX/UEPG, 2015.

NOVAK, J. D.; GOWIN, D. B. Aprender a aprender. 2. ed. Lisboa: Plátano Edições Técnicas. 1999.

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9. Ficha técnica

 

Título

Produção de Recursos Didáticos

Autoria (2018) 

Douglas Paulesky Juliani 
Sabrina Bleicher

Designer Instrucional

Sabrina Bleicher

Revisão textual e normativa (2018) 

Denise de Mesquita Corrêa

Licença Creative Commons
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