Material de estudos I A EPT e os recursos educacionais

3. Metodologias ativas

No caso do "Ginásio Experimental de novas Tecnologias Educacionais" (no vídeo anterior) é apresentado um novo modelo de escola que coloca o estudante no centro do processo de aprendizagem. Mas o que isso significa? 

Será isso?! Não... O que queremos destacar, nesse momento, em nosso estudos são as Metodologias Ativas... Já ouviu falar disso? 

O modelo mais conhecido e praticado nas instituições de ensino é aquele em que o aluno acompanha a matéria lecionada pelo professor por meio de aulas expositivas, com aplicação de avaliações e trabalhos, reconhece esse padrão? Pois esse método é conhecido como passivo, pois nele o docente é o protagonista da educação.  Já na metodologia ativa, o aluno é personagem principal e o maior responsável pelo processo de aprendizado. O que significa que o objetivo dessa abordagem é incentivar que os estudantes desenvolvam a capacidade de absorção de conteúdos de maneira autônoma e participativa (LYCEUM, 2017).  Resumindo:

O principal objetivo das metodologias ativas é incentivar os alunos para que aprendam de forma autônoma e participativa, a partir de problemas e situações reais. A proposta é que o estudante esteja no centro do processo de aprendizagem, participando ativamente e sendo responsável pela construção de conhecimento.

E o que justifica o destaque para esse tipo de metologia?

Vários estudos concluem que, entre os meios utilizados para adquirir conhecimento, há alguns cujo processo de assimilação ocorre mais facilmente. Desse modo, temos como referência uma teoria do psiquiatra americano William Glasser para explicar como as pessoas geralmente aprendem e qual a eficiência dos métodos nesse processo. De acordo com Glasser, o professor é um guia para o aluno e não um chefe e orienta que, no processo de ensino e aprendizagem, não se deve trabalhar apenas com memorização, porque a maioria dos alunos simplesmente esquecem os conceitos após a aula. Em vez disso, o psiquiatra sugere que os alunos aprendem efetivamente com você,  fazendo.

Glasser fez afirmações contundentes sobre o processo de aprendizado, a favor que de que o aluno aprenda fazendo. Este conceito foi melhor exemplificado numa ilustração conhecida como ‘a Pirâmide de William Glasser’, apresentada a seguir que nos permite concluir que, tendo como base os estudos deste pesquisador, os métodos mais eficientes quando se trata de aprendizagem está inseridos na metodologia ativa. 

Legenda:  A Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser 

Fonte: Explorador, 2017.

 

É muito provável que, pelo menos em suas formas mais simples, você deve conhecer algum tipo de "Metodologia Ativa". Já ouviu falar em ensino por meio de projetos ou por meio de soluções de problemas? Esses são exemplos típicos das metodologias ativas. Quer saber quais são as práticas ensino-aprendizagem mais comuns nas metodologias ativas de aprendizagem? Vamos conhecer mais sobre algumas delas. 

A aprendizagem baseada em projetos (ABP) – em inglês, project based learning (PBL) – tem por objetivo fazer com que os alunos adquiram conhecimento por meio da solução colaborativa de desafios. Sendo assim, o aluno precisa se esforçar para explorar as soluções possíveis dentro de um contexto específico ― seja utilizando a tecnologia ou os diversos recursos disponíveis, o que incentiva a capacidade de desenvolver um perfil investigativo e crítico perante alguma situação. Além disso, o professor não deve expor toda metodologia a ser trabalhada, a fim de que os alunos busquem os conhecimentos por si mesmos. Porém, é necessário que o educador dê um feedback nos projetos e mostre quais foram os erros e acertos.

O método da Aprendizagem Baseada em Problemas tem como propósito tornar o aluno capaz de construir o aprendizado conceitual, procedimental e atitudinal por meio de problemas propostos que o expõe a situações motivadoras e o prepara para o mundo do trabalho. Enquanto a aprendizagem baseada em projetos exige que os alunos coloquem a “mão na massa”, a aprendizagem baseada em problemas é focada na parte teórica da resolução de casos.

A prática pedagógica de Estudo de Casos tem origem no método de Aprendizagem Baseada em Problemas. O Estudo de Caso oferece aos estudantes a oportunidade de direcionar sua própria aprendizagem, enquanto exploram seus conhecimentos em situações relativamente complexas. São relatos de situações do mundo real, apresentadas aos estudantes com a finalidade de ensiná-los, preparando-os para a resolução de problemas reais.

A aprendizagem entre pares e times – em inglês, team based learning (TBL) –, como o próprio nome revela, se trata da formação de equipes dentro de determinada turma para que o aprendizado seja feito em conjunto e haja compartilhamento de ideias. Seja em um estudo de caso ou em um projeto, é possível que os alunos resolvam os desafios e trabalhem juntos, o que pode ser benéfico na busca pelo conhecimento. Afinal, com a ajuda mútua, se pode aprender e ensinar ao mesmo tempo, formando o pensamento crítico, que é construído por meio de discussões embasadas e levando em consideração opiniões divergentes.

 

E agora?

Percebeu como essas práticas não são tão novas assim? Teóricos como Dewey (1950), Freire (2009), Rogers (1973), Novack (1999), entre outros, enfatizam, há muito tempo, a importância de superar a educação bancária, tradicional e focar a aprendizagem no aluno, envolvendo-o, motivando-o e dialogando com ele (MORAN, 2015). E você, o que acha? Quais dessas metodologias ativas você já conhecia e já experimentou? Compartilhe conosco, independentemente se a sua experiência foi como estudante ou como professor.

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As metodologias ativas são, na visão de Moran (2015) pontos de partida para avançar para processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva, de generalização, de reelaboração de novas práticas. Encontramos em Paulo Freire (1996) uma defesa para as metodologias ativas, com sua afirmação de que na educação de adultos, o que impulsiona a aprendizagem é a superação de desafios, a resolução de problemas e a construção do conhecimento novo a partir de conhecimentos e experiências prévias dos indivíduos (BERBEL, 2011). Esse entendimento é especialmente pertinente quando se trata de Educação Profissional e Tecnológica (EPT). 

Podemos dizer que a EPT requer uma aprendizagem significativa, contextualizada [...] que  gere habilidades em resolver problemas e conduzir projetos nos diversos segmentos do setor produtivo. Complementando esses requisitos de aprendizagem, devemos acrescentar que, mesmo que o sistema educacional forme indivíduos tecnicamente muito bem preparados, é indispensável que eles sejam capazes de exercer valores e condições de formação humana, considerados essenciais no mundo do trabalho contemporâneo, tais como: conduta ética, capacidade de iniciativa, criatividade, flexibilidade, autocontrole, comunicação, dentre outros (BARBOSA; MOURA, p. 2013, p.52).

Nesse sentido, as metodologias ativas "têm um ideário favorável às necessidades da Educação Profissional e podem gerar práticas docentes inovadoras no contexto da formação profissional, superando limitações dos modelos tradicionais de ensino" (BARBOSA; MOURA, p. 2013, p.49), apresentando diferentes benefícios. 

Dentre as principais vantagens que as metodologias ativas podem proporcionar, a principal delas contempla "a transformação na forma de conceber o aprendizado, ao proporcionar que o aluno pense de maneira diferente (já ouviu falar em fora da caixa?) e resolver problemas conectando ideias que, em princípio, parecem desconectadas" (GAROFALO, 2018). Para os cenários da EPT pode possibilitar mais autonomia, confiança, senso crítico, empatia além de maior sentimento responsabilidade e necessidade de participação e colaboração - características essenciais para qualquer profissional dos de hoje, não é mesmo? 

Aprofunde seus conhecimentos

Acesse o artigo a seguir que incentiva a revisão de práticas tradicionais de ensino e discute possibilidades do uso destas metodologias na EPT. 

      

Ainda está pensando que essa é uma realidade distante? Sugiro a leitura da reportagem de Marcela Lorenzoni que questiona: Por que as metodologias ativas de aprendizagem não funcionam na América Latina? 

 Por que as metodologias ativas de aprendizagem não funcionam na América Latina?